O chamado da mãe
Uma garotinha está brincando em seu quarto quando ela ouve a mãe chamá-la da cozinha e então ela desce as escadas para encontrá-la. Quando ela está correndo pelo corredor a porta do armário debaixo das escadas se abre, e uma mão se estende e a puxa para dentro. É a sua mãe. Ela sussurra para a criança: "Não vá para a cozinha. Eu também ouvi".
Perdi meu celular
Depois de chamar duas vezes alguém atendeu, deu uma risadinha e desligou. Liguei novamente, mas não atenderam de novo. Eu finalmente desisti e decidi ir para casa.
Quando cheguei em casa fui para o meu quarto, e percebi que meu celular estava na minha mesa de cabeceira, exatamente onde eu o deixei antes de ir para o show.
Carta de suicídio
É uma difícil vida, pensava ela. Seus pais não a amavam, seus colegas a achavam uma estranha. Oque ela tinha pra fazer nesse mundo? Bom, nada. Era isso que achava. Passou várias semanas sem ir a escola. Já sabia que não ia passar. Seu rendimento estava baixo e ninguém colaborava. A alguns dias, tinha feito algumas cicatrizes em seu pulso, nada demais. Afinal, quem ligava? Ninguém. Muito tempo se passou, as pessoas demonstravam cada vez mais oque sentiam por ela. Ódio, nojo. "Porque continuarei vivendo desse jeito? Não dá" pensou. E agiu. Havia ganhado um presentinho, no auge do seus 17 anos, que guardava debaixo da cama. Aquela pequena calibre .12 tinha a acompanhado em alguns momentos de desespero, mas nunca fora utilizada. Pegou-a e viu que estava um pouco enferrujada, mas não havia problema. Já tinha pensado em outras possibilidades, no escuro quartinho havia um vidro de remédios, papel e caneta. Tomou alguns comprimidos, pois se não houvesse coragem pra dar um grande passo, morreria aos poucos, com aquela pequena nostalgia, e vontade de que fosse diferente, mas nunca foi. Pegou rapidamente o papel e caneta, e começou a escrever uma pequena carta, se desculpando e explicando porque aquilo foi acontecer. Nada muito detalhado, sentia suas mãos começarem a suar, e sua cabeça começando a girar. Talvez fossem os remédios, e o corpo pedindo arrego de uma vez. Se levantou logo daqui, sentia o fim próximo. Um sentimento estranho e bom, até. Segurou sua companheira, e a apontou levemente para a cabeça. Em seus últimos momentos, pensou em como seria a vida das pessoas sem ela presente. "Faria diferença, ou não?", mas nem ligava. Pensou em terminar com tudo logo, suas mãos tremiam, a cabeça rodava, e depois de alguns segundos, tudo finalmente acabou.
-Ana Oze
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